Adeus, Princesa de olhos cor de esmeralda
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Raça: Europeu Comum
D. Nascimento: 2001-05-01
D. Óbito: 2012-05-05
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ADEUS, PRINCESA DE OLHOS COR DE ESMERALDA
• Nasceu provavelmente em 01.06.2001
• Foi adormecida em 05.05.2012
Tomei a decisão mais difícil da minha vida há 2 dias, e a casa parece-me vazia, estranha, sem jeito, porque tu já não estás lá a acolher-me quando chego, a aninhares-te no meu colo, a vires acordar-me com turras e ronrons às 5h da manhã…
Lembro-me como se fosse hoje. Entrastes na minha vida numa manhã de Setº de 2002, quando uma vizinha me pediu ajuda para uma gata tigrada, muito meiga, cujo dono a punha na rua e dava pontapés.
Em 17.09.2002 levei-te à Clínica Vetª de S. João do Estoril para check-up, testes de FIV e FELV (ambos negativos) e OVH em 19.09.2002.
A minha intenção era dar-te em adopção numa campanha que se realizaria em fins de Setembro, mas tu conseguiste escapar-te da jaula do pós-operatório e pulaste para cima da minha cama, rebentando um ponto, pelo que era tarde demais para a campanha. “Gata maluca”, disse a vetª que te tinha operado e contou que foi necessária uma dose grande de anestesia, porque não querias adormecer.
A partir daqui, começastes uma campanha de sedução: todas as manhãs, aí pelas 5h, vinhas acordar-me fazendo quase o pino para colocar a tua cabecinha na minha mão, para festas. E ronrons. E foi por isso que te acolhi para sempre.
Seduzias também todas as visitas da casa. Vinhas à porta acolher quem chegava, roçavas-te nas pernas a pedir festas, davas a barriguinha.
Procuravas estar sempre onde eu estava. Se eu ia à casa de banho, tu seguias-me e brincavas deitando-te no bidé, como num berço. Se eu ia para o computador, tu instalavas-te ao lado do monitor. Se, por acaso, eu estava doente, tu ficavas todo o dia aos pés da cama, a fazer companhia. Se me sentava a ver TV, vinhas para o meu colo. Mas não, não eras uma gata “cola”. Para ti, bastava-te estares ao pé de mim.
E um pormenor engraçadíssimo: de vez em quando, quando querias atenção, batias suavemente com uma patinha no meu braço, exactamente como faria uma pessoa.
Chamei-te MADEMOISELLE porque impunhas respeito aos outros irmãos, apenas com um olhar. É claro que, se os outros não percebessem, lá vinha uma patada, para mostrar que eras tu quem mandava e o interesse deles era respeitar a hierarquia. Mas não eras agressiva. Impunhas-te com pulso de ferro, suave.
Gata destemida, nunca receavas um barulho, nem uma tempestade. E, sobretudo, tinhas inteira confiança em mim. Aceitavas graciosamente todos os comprimidos que te desse pela boca abaixo.Depois, quando a maldita insuficiência renal te enchia de náuseas, ou quando tinhas uma cólica renal, também aceitavas a comida forçada pela boca abaixo. Até ao fim, fazias os possíveis por agradar-me …
A insuficiência renal revelou-se no verão de 2006, quando devias ter apenas 5 anos, com níveis de ureia e creatinina altíssimos. Depois, uma ecografia mostrou que o rim esquerdo estava quase completamente fibrosado e o direito sobredimensionado, para compensar, e com cálculos de oxalato de cálcio, impossíveis de dissolver.
Todos os verões tinhas uma grande crise, algumas vezes tivestes que ficar internada, mas conseguistes ter qualidade de vida até 4 de Maio deste ano. Na manhã do dia 5, quando já não podias subir para os teus sítios preferidos, nem descer deles, porque já não tinhas músculos nenhuns e estavas fraquíssima, tive que tomar a decisão mais difícil da minha vida. Tiro-te o chapéu, minha querida: nunca desististes de seguir a tua rotina diária.
Até sempre, minha companheira linda, minha Princesa, minha Mademoiselle, meu amor.
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