Txugui, a que era para dar e foi dada..."

Raça: Outra / Não definida

Uma noite ouvi uns sons de miados no quintal. Fui lá fora ver o que se passava sob o olhar reprovador do meu marido que parecia pensar: mais um gato?!? No muro que separa o meu quintal do quintal vizinho estava um gatinho pequenito a miar em plenos pulmões. Claramente assustado deslocava-se ao longo do muro. A custo lá consegui apanhá-lo, sua excelência não era bravo mas também não parava sossegado e era difícil de pegar. Ainda perguntei à minha vizinha, que entretanto tinha aparecido, se o queria mas ela disse que não. Então sob o olhar cheio de indignação e curiosidade das minhas gatas Lindi e Mercy demos um banho ao gatinho, tinha tantas pulgas que escorriam fios de sangue pelo pêlo, era ver as pulgas enormes a tentarem fugir, um nojo. Nessa altura já o meu marido estava a engraçar com a criaturinha. Espreitamos os entrefolhos, era uma gatinha. Desparasitamos, demos comida e água e ficou instalada na minha casa de banho. No dia seguinte pedi emprestada uma máquina fotográfica digital e fiz um anúncio. Bem, os dias foram passando, a gatinha era completamente destrambelhada, de cada vez que entrava na casa de banho andava sempre atrás de mim, brincava com tudo e um dia chegou mesmo a saltar para dentro da minha banheira cheia de água. Enfim, uma gata incrível. O meu marido estava de férias e apesar de eu dizer imensas vezes para não misturá-la com as minhas gatas quando eu chegava a casa estava sempre solta e em alegres corridas sendo perseguida pelas gatas adultas. Passaram 8 dias e apareceram donos. Lá entregamos a gatinha no Varadouro (donde eram os donos). Os Sr.s comprometeram-se a esterilizá-la quando fizesse 6 meses e a tê-la dentro de casa. A verdade é que fiquei com imenso medo que se cansassem dela quando crescesse.
Deixei todos os contactos e mais alguns e disse que caso houvesse algum problema, fosse qual fosse, a ía buscar de volta. Ao meu marido deu-lhe uma coisinha má nessa noite, a mim deu-me de manhã. Nós queríamos ficar com ela só que nos contivemos e depois ficamos um bocado arrependidos. O pior é que isto acontece com todos os gatos minimamente mansos que ficam em nossa casa mais de 3 dias.
Nós não podemos ficar com todos e as pessoas cá têm um apreço limitado pelos animais. Bem, pelo menos pareceu-nos que os senhores (irmãos, uma e um) tinham afecto para dar e queriam fazer as coisas como deve de ser, só que a formação e as possibilidades não são muitas. Nós levamos um autêntico enxoval com a gatinha.
Mas quais eram as opções? Não podíamos ter mais, achávamos que não é viável levá-la para o continente para dar…
Pois é, acho que só vocês mesmo do fórum nos compreendem...
No fim do dia seguinte não aguentamos mais e fomos buscar a gatinha de volta. Yuuuupiiii, ficámos tão contentes! A texuguinha estava de volta! Ligamos para os senhores e explicamos que estávamos a morrer de saudades. Eles foram bastante compreensivos e concordaram em devolvê-la, só que pediram, se fosse possível para arranjarmos outro gatinho. Nós fizemos uma batida aqui pela vizinhança e encontramos dois gatitos já desmamados a viver numa atafona (palheiro). Levámos o que nos pareceu ser um macho, todo amarelinho listrado como a Lindi. Os senhores estavam a tratar bem da gatinha, ela estava dentro de casa e parecia óptima, nós é que não nos conseguimos aguentar as saudades. A senhora ficou um pouco triste mas pegou logo no amarelinho que lhe levámos e disse que também o ía tratar muito bem. Nós demos-lhe desparasitante, acho que o gatinho ganhou a lotaria à sua maneira e nós a Txugui de volta.
Nós nunca íamos achar que alguém tratava a txugui bem o suficiente porque não éramos nós a tratar. E pronto, 3 é a conta que Deus fez, infelizmente não foi por muito tempo…

Quanto ao carácter da Txugui, ela continua muito arrebitada, simpática e brincalhona. Não gosta de colo, só muito raramente se põe ao colo a ronronar. Não lambe nem se enrosca com outros gatos e tem uma certa tendência para a perseguição e violência aos mesmos. Gosta de pessoas e crianças, é muito sociável, aceita brincadeiras e festinhas. Come como se a comida fosse acabar a qualquer momento, logo agora faz jus ao seu nome e tem corpulência de texugo. Eu costumo chamá-la carinhosamente de camiãozinho tir.
Resta acrescentar que se apaixonou pelo Capuccino e às vezes dormem juntos e lambem-se frequentemente. Um milagre para uma gata que tinha uma certa raiva aos outros gatos...

Querida amiga, morreste em Agosto 2009 enqunto estavamos de férias no continente. Sinto muito não ter estado contigo nos últimos tempos. Apesar da falta de tempo estiveste sempre no meu coração, vais ser sempre para mim a minha gata rebolona e brincalhona. Descansa em paz e brinca muito onde quer que estejas.