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Autor:
Filipa Bastos (Filipa Bastos) [ Europe/Lisbon ] 2007/02/11 18:17

Defensores do Serra da Estrela contra classificação de perigoso em Itália

A Associação Portuguesa do Cão Serra da Estrela (APCSE) manifestou-se hoje contra a "classificação absurda e sem qualquer fundamento" que colocou duas raças autóctones portuguesas na lista de cães perigosos em Itália.



Cão da Serra da Estrela
"Todos somos poucos para defender estas duas raças [Serra da Estrela e Rafeiro Alentejano]", disse em conferência de imprensa a presidente da Assembleia Geral da APCSE, Justina Franco, sublinhando a "profunda indignação" dos defensores das raças autóctones portuguesas face à classificação feita pelas autoridades italianas, publicada em Dezembro naquele país.

Segundo a responsável, "tudo será feito" para que governo italiano retire estas duas raças da lista, acrescentando que "se desconhecem os critérios que levaram as autoridades italianas a colocarem o Serra de Estrela e o Rafeiro do Alentejo na conjunto de 17 raças consideradas perigosas" naquele país.

"O número de exemplares de cães Serra de Estrela em Itália é muito reduzido, pelo que esta raça não deve ser muito conhecida", referiu a responsável.

Outro representante da associação, José Almeida, disse à agência Lusa que os Serra de Estrela são cães "completamente inofensivos, com muita personalidade e extremamente dóceis e meigos", pelo que esta classificação "só se pode tratar de um erro".

Em declarações à Lusa, Helena Costa, que cria Rafeiros Alentejanos há mais de dez anos, sublinhou que esta raça, como o Serra de Estrela, são cães "muito nobres, rústicos e dignos", pelo que não podem, na sua perspectiva, fazer parte da lista de cães perigosos.

Segundo a criadora, "não existem cães perigosos, apenas donos irresponsáveis", salientando a importância que o acompanhamento e a educação têm nos primeiros meses de vida".

Uma responsável da Liga Portuguesa do Direito do Animal considerou a classificação italiana das duas raças autóctones portuguesas, que "já estiveram em extinção" como um "ataque ao património português".

Rafeiro do Alentejo
Contactado pela agência Lusa, Almiro Monteiro Moreira, um especialista que durante 18 anos foi responsável pelo treino de cães de polícia, disse que esta completamente "contra esta classificação" e que "não percebe como é que estas dois cães foram incluídos na lista de raças perigosas".

"Treino cães há mais de 30 anos e não me lembro de caso nenhum onde estas duas raças tenham atacado alguém ou mostrado comportamentos perigosos", afirmou o especialista, acrescentando que estas duas raças portuguesas "têm feitios parecidos e são por vezes algo desconfiados, mas não fazem mal a ninguém".

"O cão alentejano é um cão de campo que gosta de liberdade e o Serra de Estrela é um cão que não gosta de ser comandado, pelo que pode haver um o outro que pode ser mais agressivo. No entanto é completamente ridículo generalizar isto a toda a raça", afirmou Almiro Monteiro Moreira.

O Clube Português de Canicultura (CPC) já anunciara segunda- feira ir pedir esclarecimentos à Embaixada de Itália em Portugal pela inclusão pelas autoridades italianas das duas raças portuguesas na lista de cães perigosos.

O vice-presidente do CPC, Luís Teixeira, disse na ocasião à Lusa que este organismo já apelou à secção europeia da Federação Cinológica Internacional para debater o assunto numa próxima reunião.

Também a Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo, com sede em Monforte, se pronunciou sobre a lista italiana, considerando "ridícula" a decisão das autoridades transalpinas e apelando que estas revejam as informações que sustentaram a aplicação da medida".


Agência LUSA
2007-02-09 19:05:01


in http://www.rtp.pt/index.php?article=270150&visual=16