Artigo retirado de:
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Autor:
Filipa Bastos (Filipa Bastos) [ Europe/Lisbon ] 2004/04/04 11:36

Adeus amigo

Hoje perdi o meu grande amigo. O gato mais amigo que já houve. Não vivia cá em casa, mas sim no jardim. Era calmo, confiava cegamente em mim. Tantas vezes entrou para transportadoras, armadilhas que se fechavam, e esperava que eu o fosse buscar, calmo, sem stress. Todos os dias me esperava, junto ao irmão gémeo. O meu amigo só queria festas, o irmão, brincar. Vivia num jardim onde todos os gatos podem ser felizes, com comida, água, abrigos e espaço.

Espaço, onde o Peludo, Guardião do Templo, esperava no muro. Ele de um lado, o irmão do outro. Onde, depois de comer, se rebolava na relva e brincava malgrado os seus 8 anos. Adorava festas e fazia questão de não as perder, mas não queria viver fechado. Ali tinha nascido, ali vivia sem aborrecer ninguém, chamando sobre si elogios pela sua beleza. Brincava que nem um doido e tinha o costume de entrar no meu carro... brincava e saía.

Quando há uns anos andei muito mal e deprimida, ia para ali ver o pôr-do-sol, pensar. Chegava a ir de manhã muito cedo e só estes dois manos ali estavam. Ali me faziam companhia, e por fim, ganhei-lhes a confiança, sobretudo a este. Eles com a sua boa disposição, o seu amor, a sua confiança, ajudaram-me mais que muitos remédios, mais que muitos ditos amigos. Tudo isto há 3 anos, altura em que comecei a esterilizar esta colónia.

Hoje fui lá... só vi 5 gatos, todos muito assustados. A Tuga que nunca mia, miava desalmadamente. Os outros, nem vê-los.

Fui aos abrigos e lá estava o meu amigo. Morto, por um cão. Tinha morrido há pouco tempo. Já ali me esperava para comer. 4 enormes dentes espetados no pescoço. Fiquei em tal estado que nem sabia o que fazer, agarrei-me a ele numa atitude pouco usual em mim e só chorei. O irmão miava desalmadamente.

Pedi ajuda, apanhamos o irmão e a pouco e pouco, os outros foram aparecendo. Os outros foram mais ágeis que este meu amigo, que tinha uns 7 quilos. Os outros só vêem à hora de comer, enquanto que os meus amigos, conhecidos por mim e pela Raquel, como os Guardiães do Templo, estavam sempre ali.

E por "brincadeira", alguém mandou o cão atacar.

O Peludo (nome carinhoso), ainda se arrastou até perto do abrigo. Mais uns 30 cm e estaria num abrigo. Tinha árvores a toda a volta, porque não subiu?

Morreu hoje, de forma horrível. E ninguém faz nada, contra quem tem estes cães e contra aqueles que se divertem a vê-los atacar.

Gostava tanto daquele gato, como dos meus. Estou em choque. Nunca ali se passou nada. E ali estava deitado, sem vida, sem me vir dar as turrinhas do costume para que lhe desse mimo.






Era um símbolo de Liberdade,

de Alegria,

de Confiança,

de Beleza Felina,

Mas sobretudo, era meu amigo.




Autoria: Ana Ramos
03/04/2004