Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=1254
Autor:
Rowan (Ísis Calió) [ Europe/Lisbon ] 2009/01/14 16:33

Gatos Pretos e suas Superstições

Autor: Ísis Calió
Puma - Esta foto foi utilizada em uma campanha da UZ para adopção de Gatos Pretos

Eu sou dona de uma gata-preta há quase 6 anos e com muitíssimo orgulho!

Sou uma das poucas pessoas que foram atrás de um Gato Preto para adoptar, eu queria uma gata-preta, e procurei até encontrar e foi aqui no Felinus que a encontrei;

Acho que no fundo os Gatos Pretos sentem que são rejeitados por muitos e por isso querem "ultrapassar" esse (estúpido) preconceito contra eles dedicando muito amor, carinho e ronrons às pessoas que se deixam encantar por esses animais mais que especiais!

Porquê Preto? Eu sempre gostei, todos os Gatos Pretos que já tive contacto eram os mais queridos e amáveis, além disso acho que os Gatos Pretos têm qualquer coisa especial, a minha é muito especial e sei que existem aqui muitos outros donos babados por seus "pretinhos";

Resolvi escrever esse artigo porque vi um apelo no fórum sobre ter alguma acção para promover (os rejeitados) Gatos Pretos, a minha ajuda vai ser um pequeno "mix" de ideias sobre os Gatos Pretos (e histórias felinas) que por ai andam!

Espero com isso desmistificar algumas ideias e, quem sabe, estimular novos adeptos a este mistério chamado: Gato Preto

Acho que é importante que as pessoas entendam o porquê de tanto pavor sem razão contra essas criaturas, foram preconceitos enraizados em séculos de má informação e cabeça pequena de algumas pessoas, credos e superstições variadas;

Autor: Ângela Monte
Oil - Beleza selvagem!

O problema principal é que estes animais sofreram um preconceito débil, vindo principalmente da Igreja Católica, de séculos de perseguição insana contra estes animais;

Por isso é sempre bom relembrar algumas histórias de Gatos Pretos e suas superstições:

No ano de 1232, o papa Gregório IX funda a Santa Inquisição, com o intuito de descobrir heréticos que cultivavam o demónio, novamente na figura de um Gato Preto, macho. Em 1344, surge na França, o culto de São Vito, em Metz, queimando vivos anualmente 13 Gatos em uma gaiola.
Quando a Peste Negra atacou a Europa, dizimando quase um terço da população, inicialmente os Gatos foram considerados culpados e perseguidos, ordenando-se a sua destruição.

A associação da figura do Gato ao culto ao demónio levou inevitavelmente à sua vinculação à feitiçaria e às artes mágicas.

Em 1484, o papa Inocêncio VIII difunde a crença de que as feiticeiras veneravam Satanás encarnado em Gato. Por toda a Europa, pessoas inocentes foram torturadas em nome de Deus. E, com elas, seus Gatos.

Em Ypres, na França, centenas de Gatos eram atirados do alto de um campanário em um festival anual. Milhares de Gatos foram sacrificados em rituais durante a Páscoa. A perseguição chegou até mesmo à América, quando, em 1692, várias pessoas foram executadas em Salem, no estado de Massachusetts.

O Gato e a religião


Muito embora não seja hoje em dia tão difundido, o culto aos animais espalhava-se outrora pelo mundo. Mesmo os deuses que não possuíam forma animal tinham um animal sagrado a eles dedicado, que os simbolizava.

Entre estes animais, o Gato foi um dos mais adorados, tanto por sua fecundidade quanto por seus hábitos nocturnos, que o tornaram o guardião da noite, dos mortos, e dos mistérios da vida e da morte.



O Culto ao Gato:


No Egipto dos faraós, o Gato era adorado na figura da deusa Bastet, representada comumente com corpo de mulher e cabeça de gata. Esta bela deusa era o símbolo da luz, do calor e da energia. Era também o símbolo da lua, e acreditava-se que tinha o poder de fertilizar a terra e os homens, curar doenças e conduzir as almas dos mortos. Nesta época, os Gatos eram considerados guardiões do outro mundo, e eram comuns em muitos amuletos.

Autor: Ísis Calió
Puma - Esta foto foi para o «Black-Calendário 2007», outra campanha a favor do Gato-Preto
Na Grécia clássica, o Gato foi associado à feminilidade, ao amor e ao prazer sexual, atributos de Afrodite. Também foi associado à Artemis, a deusa da caça e da lua, da qual se dizia que teria escapado um perseguidor, Tiphon, transformada em gata.

No Império Romano, o Gato esteve ligado a várias deusas. Diana, a caçadora, governava a fecundidade e a lua, assim como Bastet, e uma lenda antiga atribui a ela a criação do Gato. Também a sensual Vênus é representada como uma gata, uma encarnação de emoções maternas.

Na Babilônia, apesar de não haver culto ao Gato, dizia um mito que o Gato teria nascido do espirro de um leão. O leão, aliás, era um símbolo da realeza.

Na América Pré-Colombiana, embora não houvesse Gatos domésticos, os grandes felinos, como o puma e o jaguar, tiveram seu lugar no panteão dos deuses. O jaguar era símbolo de grande força e sabedoria, e acreditava-se que os curandeiros mortos se transformavam neste animal.

Na cultura celta, a deusa Cerridwen tem um elo de ligação com o culto ao Gato relativo à fecundidade através de seu filho Taliesin, que em uma de suas encarnações foi descrito como um Gato com a cabeça sarapintada.
A primitiva Igreja celta associou vários santos às tradições pagãs e ao culto ao Gato. Santa Gertrudes de Nivelles, por exemplo, é representada sempre com um Gato, e, na França, dizia-se que Santa Ágata transformava-se em um Gato enfurecido para punir os infiéis.

Nas lendas nórdicas, aparece a deusa do submundo Freya, cuja carruagem era puxada por dois Gatos Pretos, que representavam as qualidades da deusa, a fecundidade e a ferocidade. Estes Gatos mostravam bem as facetas do Gato doméstico, ao mesmo tempo afectuoso e terno, e feroz quando excitado.

Os templos pagãos eram frequentemente adornados com imagens de Gatos.

Na Finlândia, havia a crença em um trenó puxado por Gatos que levava as almas dos mortos.

Autor: Carla Araújo
Teco - O mistério
No Islão há uma série de contos associando os Gatos ao profeta Maomé, a quem teriam inclusive salvo da morte, ao matar uma serpente que o atacava. Por causa desta associação entre o Gato e o Islão, a Igreja Católica conseguiu tanto êxito ao relacionar o culto ao Gato com as heresias e o demónio.

Nos cânones originais do Budismo, o Gato é excluído da lista de animais protegidos, devido ao facto de que, no momento da morte de Buda, quando todos os animais se reuniram para chorar seus restos, o Gato haver não só mantido os olhos secos como comido tranquilamente um rato, provando sua falta de respeito pelo acontecimento solene, este acto é entendido por muitos budistas como a aceitação da passagem da alma e com isso sua grandeza de espírito demonstrada neste momento de autodomínio meditativo.

Na China, estatuetas de Gatos eram usadas para expulsar os maus espíritos, e havia dois tipos de Gatos, os bons e os maus, que eram facilmente diferenciados porque os maus tinham duas caudas.

No Japão, quando um Gato morria, era enterrado no templo do dono, e no altar do mesmo era oferecido um Gato semelhante, pintado ou esculpido, para garantir ao dono tranquilidade e boa sorte durante sua vida.

No Judaísmo, no Talmude, o Gato só aparece cerca de 500 d.C., quando o livro sagrado louva brevemente seu asseio. Entretanto, uma antiga lenda hebraica conta que o Gato teria sido criado em plena Arca, quando Noé, em desespero por que os ratos estavam se multiplicando e devorando todas as provisões, implorou a Deus que lhe enviasse uma solução. O Gato então teria sido criado de um sopro do leão.

Outra antiga lenda judaico-espanhola diz que Lilith, a primeira mulher de Adão, o teria deixado para se transformar em um vampiro que, sob o aspecto de um Gato Preto, atacava bebés adormecidos e indefesos e lhes sugava o sangue.



Superstições pelo mundo:


Nos Estados Unidos: se o Gato senta com as patas traseiras voltadas para uma fogueira, o seu dono terá resfriado.
Dá má sorte ver um Gato branco à noite;
Mas sonhar com Gato branco dá boa sorte;

Os primeiros colonos americanos acreditavam que fazer uma sopa com um Gato Preto, poderia curar tuberculose. No entanto, ninguém se arriscava em fazê-la com medo de que a má sorte o abraçasse caso matasse o Gato.

Na Escócia: se um Gato Preto estranho aparecer na entrada de uma casa, parabéns! É sinal de prosperidade.

Na Irlanda: um Gato Preto cruzar o caminho de uma pessoa em noite de lua cheia, significa mortes por epidemia que estão a caminho.
Matar um Gato traz dezassete anos de má sorte;

No Brasil: Gato ciumento é um perigo para o bebé. O Gato pode fazer mal e tentar sufocar a criança.

Na Inglaterra: se o Gato está lavando a parte de trás das orelhas, é sinal que vai chover.

Na Escandinávia: um Gato se apoiando nas duas patas traseiras é sinal de fertilidade.

Autor: Leonor Calaça
Igas - Nos encantam para sempre!

Na Itália: se um Gato espirrar é um bom presságio para aqueles que ouviram.
No século XVI, os italianos acreditavam que um Gato negro estendido na cama de um homem doente era sinal que ele iria morrer. Por outro lado, eles também acreditavam que um Gato jamais permaneceria na casa de uma pessoa moribunda.

Na França: atravessar um rio carregando um Gato. Dá azar.

Na Normandia: quem vir uma Gata com pelagem escama-de-tartaruga tem que tomar cuidado: pode ocorrer morte por acidente.

Na Islândia: na noite de Natal deve-se vestir ao menos uma peça nova de roupa, caso contrário, o Gato do Natal irá pegar a pessoa.

Na Índia: Gato em pé é sinal que sua dona terá um filho em breve.

Na China e Japão: a aparição de um Gato desconhecido é sinal de que a sorte irá mudar.

Na Tailândia: antigamente acreditava-se que a alma de pessoas mortas vivia no corpo de Gatos sagrados antes de partir para a próxima vida.

Na Holanda: Gatos não são permitidos nas salas quando há discussões familiares.

Na Grã-Bretanha: os Gatos Pretos trazem sorte. Em Yorkshire (Inglaterra) já é um pouco diferente: o Gato Preto representa sorte para quem o possui mas, também, é sinal de extremo azar encontrá-lo acidentalmente em seu caminho.

Em alguns países, as esposas de pescadores mantêm esses animais em casa para prevenir desastres no mar.

Claro, não poderia deixar de fora a grande e assustadora história de Edgar Allan Poe chamado Gato Preto (The Black Cat) publicado em 19 de Agosto de 1843 (é de arrepiar!) esta história assustadora também contribuiu com a mitologia que envolve o Gato Preto.

Se quiserem ler na integra:


Inglês: http://www.teachervision.fen.com

Português: http://www.sitedecuriosidades.com

Este artigo foi redigido por Ísis Calió com fontes variadas:

http://www.tribunaanimal.com

http://www.planetagato.com.br

http://www.olhosdebastet.com.br/

http://www.bichezas.com