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"Maria - Querem saber quem é?"

[ Europe/Lisbon ] 2004/04/19 10:44 "Maria - querem saber quem é?"

Ora aqui têm a oportunidade de ler a história, que pode ser tudo menos feliz, de uma gatinha que para mim e para a Marta se chamava Maria.

Durante quase cinco dias, quando eu e a Marta chegávamos a casa depois do trabalho, lá a víamos nas redondezas do prédio,... e foi assim que tudo começou.

De início, numa terça-feira, deparamo-nos com o que parecia ser um gatinho abandonado. Definitivamente não era um gato recém nascido, mas também não tinha aspecto de ser muito velho, tinha apenas um ar de quem precisava de uma refeição "extra" e um banho.
Decidimos então dar-lhe um pouco de alimentação. Fomos a casa e trouxemos biscoitos dentro de um saquito. Ficamos admirados com o facto de ser um gato de rua e aproximar-se tão facilmente de nós, mostrando-se receptivo a comer um pouco. E foi assim durante mais alguns dias...
Na 5ª feira seguinte tinha chegado tarde a casa, já era noite, e lá a vi, escondida debaixo de um carro. Subi, e num recipiente trouxe-lhe água e biscoitos. Estava frio nessa noite, por isso pensei que ela estivesse debaixo do carro para se aquecer. Sentei-me na borda do passeio e chamei-a. Ela olhou, soltou um "miau" ternurento e veio de imediato ter comigo. Deu-me uma "turra" no joelho e dirigiu-se para o recipiente da comida. Para meu espanto não mostrou qualquer interesse nos biscoitos, começou a beber a água e não parava. A bichinha já não devia beber água há dias, bebeu, bebeu sem parar. Consumindo quase toda a água que eu tinha trazido, olhou para outro gatito que por lá andava e voltou para debaixo do carro. Nisto a Marta veio ter comigo, chamamos por ela, mas nada...
Domingo de Páscoa. Estávamos nós a almoçar em casa dos pais da Marta. Nesse dia a Marta voltou a comentar com a mãe o que se andava a passar e aconselhou-nos a leva-la ao veterinário, e assim fizemos. A Marta ligou para o veterinário, contou o que se passou e combinamos lá passar uma hora depois. Era já final de tarde quando saímos em direcção a casa para a ir buscar.
Quando chegamos, lá estava ela no fim da rua. Chegamos perto dela e cumprimentamo-la. Ela como resposta levantou-se com um pouco de custo, veio para mais perto de nós e soltou uns "miaus" de contente, digo eu. Subi e fui buscar uma transportadora enquanto a Marta ficou perto dela. Confesso que ela não entrou de bom agrado para dentro da transportadora, ficou um pouco amedrontada, talvez estivesse a pensar, "para onde me levam? será que me vão fazer mal?", mas peguei nela e coloquei-a lá dentro. Como não tinha muita força não resistiu muito. Meteu-me tanta pena!!! Só se sentia os ossos da bichinha, ela não parecia estar nada bem. E lá fomos nós.
Durante a viagem lá ia ela a queixar-se, e eu dizia, "tem calma bebe, vamos ao médico e vais ficar boa, tem calma bebe". Chegamos ao veterinário quase ao mesmo tempo que a dra Ana. Ela recebeu-nos de imediato e disse-nos que ela estava em muito mau estado. Foi aí que ficamos a saber que era uma gata e que já tinha entre 7 a 9 anos de idade, mas num estado de saúde muito debilitado. Ficamos junto dela enquanto o dra Ana fez uns exames para ver se havia esperança, os quais correram bem. Contudo a dra não deu a certeza de que ela recuperaria e teria que ver a evolução que iria ter, pois ela de tão fraca que estava não aguentaria uma cirurgia. Pedimos à dra que fizesse o que fosse preciso e o que acha-se melhor, e desta forma teve que ficar internada. Estava completamente desidratada... Despedimo-nos dela, guardando uma forte esperança que tudo iria correr bem e que iríamos ter a quarta companhia peludinha lá em casa.
No dia seguinte as notícias foram boas, ela já comia um pouco e já fazia as suas necessidades, o que já era um bom sinal.
...
Dois dias depois passamos no consultório no final da tarde. Ela recebeu-nos de uma forma tão ternurenta como a própria dra Ana dizia que ela era... ela era mesmo muito dócil e meiga... Tiramos umas fotografias e gravamos um pequeno filme. Ao vir embora, não foi impressão minha, acreditem, mas ela pareceu-me triste, mas contudo viemos embora com a noção de que ela estava a ser bem tratada e o objectivo era de cuidar da sua saúde.
No dia seguinte... ontem... a seguir ao almoço a Marta ligou-me. Estava com uma voz triste e trémula, disse-me que tinha uma má notícia. Eu não acreditei, pensei que seria uma brincadeira, e ocorreu-me que a dra Ana tivesse dito que a Maria já tinha as mínimas condições para ir para casa. Mas não. Sempre era verdade. Aquela dócil e ternurenta gata de facto tinha falecido. Nesse dia ela tinha tido uma hemorragia e os drs Ana e André tiveram que a operar, mas ela não resistiu...
Nesse dia estava com muito trabalho no escritório, e tudo parecia correr mal. Eram sete horas da tarde e fiquei sozinho… todo aquele silêncio parecia perturbar-me e foi então que comecei a lembrar-me do acontecido. Aproveitei e fui ver as fotos que tinha tirado no dia anterior… nem vos conto… parece que tinha caído na realidade. Só vos posso dizer que é uma dor enorme olhar para a imagem de um ser que dias antes tinha colhido nas minhas mãos para a tratar, lembrar dela no dia anterior a miar quando a fui ver ao médico e que me presenteou com todos os mimos como ela o tinha feito… é simplesmente indescritível…
“Maria”, como agora sabem, era uma gata que presumidamente teria sido abandonada não há muito tempo pelo motivo do seu mau estado se saúde. É pena que a pessoa que possivelmente terá cometido semelhante e bárbara atitude se tenha esquecido que se tratava de um ser vivo e se tenha esquecido de todos os momentos de ternura e afecto que esta pequena criatura lhe terá proporcionado.
Para ti um adeus muito especial do Luís e da Marta…

... Comentários ( 7 ) ...

Autor:
luis gabriel (Luis Moreira )

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